Antonieta de Barros
- Larissa Mancia
- há 5 dias
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Uma Mulher em Prol da Educação
Antonieta de Barros foi uma importante figura na luta por uma educação de qualidade e acessível para todas as mulheres. Além disso, atuou como professora, escritora e jornalista, tornando-se a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil, na década de 1930. Antonieta era muito ligada à sua mãe, Catarina, que nasceu apenas 3 anos antes da assinatura da Lei do Ventre Livre. Há relatos de que ela foi escrava na região serrana de Coxilha Rica, em SC, e trabalhou na fazenda da família Ramos, muito influente no estado. Dez anos após a abolição da escravatura, em 1888, Catarina foi para Florianópolis trabalhar como lavadeira, e foi lá, em 1901, que nasceu Antonieta.
Antonieta de Barros por Galeria da Lalo e Antonieta/ Museu da Escola Catarinense / UDESC
Catarina abriu uma pensão em Florianópolis com o intuito de complementar a renda de lavadeira, e foi assim que Antonieta aprendeu a valorizar a educação, pois convivia constantemente com estudantes da pensão, podendo ela própria avançar nos estudos. Ao concluir a escola em 1921, tornou-se professora e abraçou a carreira ao longo de três décadas. Abriu uma escola de alfabetização em sua própria casa para crianças e adultos. Paralelamente, atuava em associações de professores e intelectuais, e também se envolveu na luta para que as mulheres conquistassem o direito ao voto em 1925.
Suas atividades na imprensa começaram um pouco depois. Ao longo de sua carreira como jornalista, escreveu centenas de artigos e crônicas, além de dirigir a revista Vida Ilhoa. Antonieta defendia que todos deveriam ter acesso à educação avançada e à cultura. Para ela, a alfabetização era apenas o começo; escreveu um artigo de jornal onde reivindicou mais possibilidades de acesso à universidade. Assim, quando se lançou como a única mulher candidata na eleição da Assembleia Constituinte em 1935, já tinha um nome reconhecido, apesar de seus meros 33 anos. Ao tomar posse como deputada, atuou principalmente por melhorias na educação, a estruturação da carreira de docente, o acesso de mulheres aos estudos e a criação de escolas para a população mais pobre. Também foi ela a autora do projeto de lei que criou o dia do professor (15 de outubro). Em 1937, com o Estado Novo e o fechamento do Congresso Nacional e das Assembleias Estaduais, Antonieta voltou a se dedicar ao magistério. Posteriormente, foi reeleita como suplente e assumiu seu segundo mandato, lutando por melhores condições de trabalho para os professores.
Em seus últimos anos de vida, Antonieta sofreu perseguições devido a suas escolhas partidárias, até que, em 1951, foi surpreendida com a exoneração do cargo que ocupava. Durante sua vida pública, foram poucas as ocasiões em que Antonieta falou abertamente sobre os ataques que sofria por sua cor, gênero e pelas barreiras sociais que quebrou. Ela morreu aos 50 anos, por complicações decorrentes de diabetes.
Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]
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