Cacilda Becker

Uma Atriz de Mil Vidas

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A intensa porém breve vida da atriz Cacilda Becker é também a história do teatro moderno no Brasil. Nascida no interior de São Paulo e ainda muito jovem foi incentivada pelos avós a praticar aulas de balé. O físico delicado de Cacilda era perfeito para a dança e sempre determinada Cacilda começou a dar aulas de dança para pagar seus estudos. Durante um espetáculo em Santos ela chamou atenção de um critico que a convidou para participar de uma peça de teatro, área na qual ainda não tinha nenhuma experiência. Sua estreia aconteceu em 1940 no Rio de Janeiro em papel secundário na peça 3200 metros de altitude.

Cacilda Becker por Galeria da Lalo e Cacilda/ Jornal da USP

Cacilda decidiu apostar na carreira de atriz. Nas décadas de 1940 e 1950, foi a figura central de quase cinquenta espetáculos chegando a trabalhar até dezoito horas por dia.  Em 1948, Cacilda aceitou o convite de um advogado, livreiro e editor para ser professora da Escola de Arte Dramática, que ele havia acabado de fundar no bairro Bela Vista, em SP.

Cacilda foi uma atriz extremamente plural, jovem ou adulto, homem ou mulher a diversidade  de deus personagens sempre foi motivo de superação. Ela interpretou os grandes textos da dramaturgia universal, abordando a comédia, a tragédia, o teatro clássico e o moderno. Em meados de 1950 novas companhias teatrais começaram a surgir e nada mais natural do que Cacilda formar sua própria trupe. Valorizando a produção nacional, a companhia de teatro Cacilda Becker estreou em 1958, com a peça O santo e a porca, de Ariano Suassuna.

Com a chegada de ditadura militar  Cacilda assumiu mais do que nunca o papel de porta-voz da classe teatral, reivindicando a liberdade de expressão. Além disso abriga colega perseguidos em seu apartamento. No curto período em que ficou longe dos palcos, assumiu a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo. Um ano depois em 1968 se deparou com um dos maiores desafios de sua carreira interpretando o personagem Estragon em Esperando Godot, um marco da cultura ocidental no século XX.

A estreia aconteceu no dia 8 de abril de 1969. Críticos garantiram que foi seu momento de maior projeção artística, no entanto no intervalo de uma das sessões da peça, após sentir uma forte dor de cabeça, Cacilda sofreu um derrame. Após 39 dias em coma faleceu, gerando uma comoção nacional. Embora ela jamais tenha voltado para o segundo ato, as cortinas nunca se fecharam para Cacilda Becker, considerada a primeira-dama do Teatro brasileiro.

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Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]