Graziela Maciel Barroso
- Larissa Mancia
- 5 de jun.
- 2 min de leitura
A Classificadora da Flora Brasileira
Com mais de 25 espécies vegetais batizadas em seu nome, Graziela Maciel Barroso contribuiu imensamente para o avanço da botânica no Brasil. Ela foi a primeira mulher naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Além de seu trabalho classificando plantas de diferentes regiões do Brasil, tornou-se referência na área de sistemática vegetal.
Graziela Barroso por Galeria da Lalo e Graziela Barros / JBRJ
Graziela foi educada para cuidar do lar. Casou-se muito cedo, antes de concluir a escola, com o agrônomo Liberato Barroso, e o acompanhava em inúmeras viagens de trabalho, nas quais conheceu a diversidade natural do Brasil.
O casal teve dois filhos e viajava ao Rio de Janeiro com frequência, estabelecendo-se oficialmente na cidade em 1940, quando Liberato foi nomeado diretor do Horto Florestal pelo Ministério da Agricultura. A família foi morar no casarão onde hoje é a atual Escola Nacional de Botânica Tropical. Em pouco tempo, Graziela começou a trabalhar no Jardim Botânico como estagiária e herborizadora, aos 30 anos.
Em 1946, ela passou a trabalhar com o marido na área de sistemática botânica. Pouco tempo depois, Liberato faleceu, deixando Graziela viúva aos 37 anos. Graziela teve uma carreira acadêmica excepcional e inusitada. Na época, a área não exigia título universitário, o concurso, que passou a existir apenas em 1945, não pedia nenhuma especialidade. Para os homens que disputavam com ela as cinco vagas disponíveis, o interesse e a participação de uma mulher eram uma “barbaridade”.


Graziela só foi fazer faculdade aos 47 anos, para cursar Biologia. Quando fez seu doutorado na UNICAMP, já tinha publicado muitos trabalhos e orientado centenas de jovens. O primeiro dos três volumes de sua obra mais influente, Sistemática de Angiospermas do Brasil, de 1978, é adotado em universidades de todo o Brasil.

Ela recebeu diversas homenagens, desde o Millennium Botany Award, no Congresso Internacional de Botânica, até o destaque no desfile de carnaval da Unidos da Tijuca, em 1997, que comemorou os 189 anos do Jardim Botânico. Ela estava com 85 anos quando desfilou no topo do carro alegórico.
Ela Morreu aos 91 anos, depois de ser eleita na Academia Brasileira de Ciências (não chegou a tomar posse). Pouco antes, ela foi hospitalizada com problemas pulmonares.
Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]
Comments