Anita Garibaldi
- Larissa Mancia
- 20 de set.
- 3 min de leitura
A Heroína de Dois Mundos
Antes de conhecer Giuseppe Garibaldi, Anita era na verdade Ana Maria de Jesus Ribeiro, nascida em agosto de 1821 em uma família pobre da região de Morrinhos, que pertencia à cidade catarinense de Laguna.
Ana sempre foi rebelde e, após um desentendimento com um vaqueiro que deu queixa às autoridades, sua mãe, já viúva, teve que se mudar para o outro lado do rio Tubarão. Temendo o espírito valente de sua filha, sua mãe tratou logo de lhe arranjar um marido. Ana se casou com um sapateiro mais velho quando tinha apenas 14 anos. Foi uma união infeliz de quatro anos, sem herdeiros, que ruiu quando ele se alistou no exército imperial.
Anita Garibaldi por Galeria da Lalo e Ritratto di Anita Garibaldi por Gaetano Gallino
Em julho de 1839, Giuseppe chegou a Laguna com três navios, para fundar a República Juliana como parte da Revolução Farroupilha. Quando se encontraram, foi amor à primeira vista. Foi tudo tão intenso que, quando ele zarpou em outubro, ela o acompanhou, pouco se importando com convenções sociais ou com o fato de ainda ser casada.

Anita não era mulher de se esconder e participou ativamente de diversas batalhas do conflito farroupilha, empunhando armas, enganando o inimigo e protagonizando fugas espetaculares. Uma de suas fugas mais complicadas ocorreu 12 dias após dar à luz ao primeiro filho, Menotti, em setembro de 1840. Anita foi surpreendida sozinha por um ataque noturno em Mostardas. De camisola, saltou no cavalo com o bebê nos braços e buscou refúgio na escuridão da mata. Passaram quatro dias escondidos. Três meses depois, ela e o filho quase morreram novamente. Depois do cerco a Porto Alegre, os farroupilhas bateram em retirada e, em nove dias de uma extenuante caminhada, tiveram de atravessar montanhas e vales isolados, mata densa, chuva incessante, com pouca comida, pés em carne viva e muito frio. Ela teve que aquecer o bebê com o próprio hálito. Muitos rebeldes tombaram no caminho, especialmente mulheres e crianças. Por causa dos perigos, a família se retirou do conflito em 1841 e foi para o Uruguai. Lá eles se casaram em 26 de março de 1842 e tiveram mais três filhos: Rosita (1843), que morreu pequena, Teresita (1845) e Ricciotti (1847). Eles persistiram com seus ideais republicanos e, em 1848, quando Anita chegou com Giuseppe na Itália, foi ovacionada por 3 mil pessoas.
Em 1870, Giuseppe se juntou à luta pela unificação italiana e, como Anita não era mulher de ficar em casa, acompanhou o marido, deixando os filhos com a avó. Mesmo grávida, ela cortou o cabelo, vestiu-se de homem e chegou em Roma em julho de 1849. Ali deparou-se com as tropas do marido cercadas pelos franceses; de alguma forma, ela furou o cerco. Derrotados, fugiram com uma legião de 4 mil homens. Mas dessa vez a caminhada seria ainda mais longa e cruel.
A saúde de Anita não acompanhou sua coragem. Desnutrida e com febre, ela morreu nos braços do companheiro em agosto de 1849; tinha apenas 27 anos. Giuseppe mal teve tempo de chorar, precisou fugir antes do enterro e só pôde buscar seu corpo dez anos depois, para enterrá-lo em Nice. Mais tarde, ele foi levado para Roma.
Anita teve seu nome gravado no livro de heróis e heroínas da pátria e se tornou uma lenda tanto no Brasil quanto na Itália, a ponto de ganhar o título de "Heroína de Dois Mundos".
Monumento em homenagem a Anita Garibaldi em Laguna (esquerda) cidade onde nasceu e e monumento em Roma (direita) cidade onde estão enterrados seus restos mortais.
Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]












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