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Dinalva Oliveira Teixeira

Uma Guerrilheira Lendária

Dinalva Conceição de Oliveira nasceu no vilarejo pobre de Argoim. Filha de agricultores, ela não atirava nem com estilingue na infância e era conhecida por ser uma boa doceira. Mudou-se ainda jovem para Salvador, onde se formou como geóloga, em 1968, na Universidade Federal da Bahia. Durante o período da faculdade, ela se envolveu com o movimento estudantil e acabou descobrindo o que seria o propósito pelo qual ela daria sua vida: construir um país livre da ditadura militar.


Dinalva por Galeria da Lalo e Dinalva /torturanuncamais-rj.org.br


Filiou-se ao partido comunista e foi convocada em 1970 para participar de uma guerrilha rural. Ao longo de oito anos, quase todos os guerrilheiros civis tombaram na luta armada. Uma chacina cujas provas se procurou apagar. Dinalva desembarcou na região do Bico do Papagaio, uma área inóspita e de difícil acesso, situada entre Goiás (hoje Tocantins), Pará e Maranhão. Como disfarce, Dinalva trabalhava em uma vendinha e não só se infiltrou entre os moradores como também se tornou muito querida por eles. Deu aula para crianças da comunidade, trabalhou como parteira e passou a auxiliar um médico. Em uma região tão pobre, sem escolas ou remédios e infestada pela malária e leishmaniose, eles foram vistos como uma salvação e batizados de "paulistas".


Quando o exército desembarcou na região, os "paulistas" se embrenharam na floresta e viraram "o povo da mata". Já os militares os chamavam de terroristas. Ao longo de dois anos de caçada aos comunistas na selva, muitos acontecimentos ficaram envoltos em mistério e Dina, particularmente, começou a ser temida por seus atos de valentia a ponto de começar a se tornar uma lenda. Diziam que ela virava borboleta e sumia na selva, que ficava invisível e cruzava o rio sem se molhar, que levou um tiro no pescoço mas evaporou na frente do inimigo, que cravou uma bala no coração de um traidor e acertou um tenente no ombro, que sua risada ecoava pela mata e ela não tinha medo de nada, nem da morte.



Dinalva com 14 anosd (Esquerda) e Dina anos depois no Araguia (Direita) / meussertoes.com.br


Registros contam que ela foi presa e executada em 1974. Muitos agentes queriam eliminá-la, e o governo sabia que, para acabar com a guerrilha, precisava vencer o mito de Dina. Ela foi levada de helicóptero a uma área de mata perto de Xambioá, com mais dois agentes; dizem que sabia que ia morrer e pediu para morrer de frente, olhando para seu algoz. Aos 29 anos, Dinalva morreu com um tiro no peito e outro na cabeça e foi enterrada ali mesmo. Seu corpo nunca foi encontrado.


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Biblioteca Feminista Dina Guerrilheira é inaugurada em Palmas- TO. O Grupo Feminista Dina Guerrilheira foi articulado por associadas do CDHP no ano de 2009, desenvolvendo estudos feministas, trabalhos com mulheres, lutas por direitos e resgatando a memória e a história do nosso país. Homenageando Dinalva Conceição Oliveira Teixeira, lutadora da guerrilha do araguaia tombada pela ditadura militar.




Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]

 
 
 

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