top of page

Dorina Nowill

Uma Mulher com Visão para a Inclusão

Dorina Nowill, uma mulher cega que lutou para que pessoas com deficiência visual tivessem autonomia para estudar e trabalhar onde bem quisessem.

Dorina ficou cega após uma hemorragia na retina aos 17 anos, ela contou com os melhores recursos médicos disponíveis para tentar reverter essa condição, mas não teve sucesso. Ela era uma mulher inteligente, curiosa e positiva e aprendeu rapidamente o sistema de braille para não ficar longe de uma de suas maiores paixões: a leitura.


Dorina Nowill por Galeria da Lalo e Dorina fundacaodorinha.org.br


Em 1939 com o início da segunda guerra mundial havia poucos materiais disponíveis para leitura e a maioria em inglês, Dorina aprendeu a língua para não fica longe do conhecimento, porém isso era algo que a incomodava. O fato de que a maioria dos cegos  do país não tinha acesso aos mesmos privilégios que ela. Então em 1943 ela se tornou a primeira brasileira cega a frequentar uma escola de professores. Encarou a ausência de profissionais capacitados e de livros em braille como uma oportunidade de crescimento e superação. Começou estudando apenas como ouvinte depois ditou suas lições para pessoas desconhecidas, transcreveu livros e fez as provas se formando como a melhor da turma.


Sede da Fundação para o Livro do Cego no Brasil.
Sede da Fundação para o Livro do Cego no Brasil.

Durante esse período ela percebeu ainda mais como eram limitadas as possibilidades das pessoas cegas no brasil já que não havia uma imprensa de livros em braille em funcionamento, por isso em 11 de março de 1946 Dorina criou juntamente com uma amiga a Fundação para o livro do cego no Brasil, desenvolvendo um sistema para fazer pontos em relevo e imediatamente a capacitação voluntários da cruz vermelha para trabalhar.


Aos poucos Dorina ia quebrando um a um os tabus envolvendo a inclusão de pessoas com deficiência visual na sociedade, cada vez mais envolvida em políticas públicas e sempre seguindo sua intuição para enfrentar a falta de recursos e informações ela escreveu cartas para instituições internacionais, falando da necessidade do Brasil em ter mais conhecimento e uma imprensa em braile para integrar a população cega. Com suas cartas ela conseguiu 3 bolsas de estudo do governo americano e morou um ano nos estados unidos se especializando na área de reabilitação para pessoas com deficiência visual. Em 1948 sua fundação recebeu de uma instituição americana a doação de uma imprensa em braile juntamente com o material e maquinário necessário para produção tornando-se a primeira instituição da américa latina a imprimir e distribuir livros nesse sistema. Em 1964 mais de 10 mil livros já estavam em circulação.

 

Além de atuar na saúde com campanhas de prevenção a cegueira Dorina reivindicava o direito das pessoas com deficiência visual a educação e inserção no mercado de trabalho. Sua fundação seguiu expandindo as atividades e também modernizando seus recursos. Em 1991 passou a se chamar fundação Dorina Nowill para cegos e disponibilizava cursos de informática, livros digitais acessíveis em sistema Daisy, uma biblioteca e a Revista falada. Todos, recursos que difundem leitura e promovem uma vida independente para as pessoas com deficiência visual.


Dorina faleceu em 2010 com 91 anos, e ainda cumpria seus papel a frente da fundação, sempre em busca de novos recursos relacionados a causa. Autora de sua própria historia ela nunca permitiu que nada nem ninguém impedissem sua visão de futuro sobre inclusão.



Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page