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Laudelina de Campos Melo

Uma mulher Incansável

 

Se hoje as empregadas domésticas no Brasil contam com direitos trabalhistas e organização sindical, muito disso se deve a atuação incansável de Laudelina de Campos Melo.


Laudelina nasceu pouco anos após a abolição da escravatura. Desde criança ela realizava as tarefas domésticas em casa, pois sua mãe passava o dia fora, trabalhando como doméstica, para a família que havia sido proprietária de seus avós. Laudelina que só pode estudar até a terceira série observava diariamente o sofrimento de sua mãe e acreditava que aquela situação não era justa.


Diante da falta de oportunidades, com 17 anos Laudelina também começou a trabalhar como doméstica. Em 1922 ela se mudou para São Paulo e logo depois para Santos. Sempre atuando como doméstica e percebendo como as questões de raça, classe e gênero afetavam sua vida e a das pessoas ao seu redor, ela resolveu agir para mudar sua realidade.



Laudelina por Galeria da Lalo e Laudelina Fonte: sintrajufe


Em 1936 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro e fundou em 8 de Julho, a Associação de empregadas Domésticas de Santos, a primeira desse tipo na história do Brasil, com o objetivo de garantir os direitos trabalhistas da categoria.


A situação da empregada doméstica era muito ruim, a maioria daquelas antigas trabalharam 23 anos e morriam na rua pedindo esmolas. [...] Era um resíduo da escravidão.

O início do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial (na qual atuou como voluntária em solo brasileiro) impediram conquistas mais rápidas, mesmo assim a associação foi importante ao oferecer serviços assistenciais, educativos e recreativos para as trabalhadoras.

Laudelina insistia na alfabetização das associadas e na criação de creches para seus filhos. Ela trabalhou como doméstica até 1953, quando arranjou um emprego em uma pensão e começou a vender salgados em estádios de futebol. Enturmou-se com o movimento negro da região e auxiliou na rganização de atividades que valorizavam a cultura afrodescendente com grupo de dança e teatro.


Em 1961 ela fundou a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas em Campinas e a frente da entidade liderou a luta por direitos durante a ditadura militar, mobilizou a classe para realização de congressos nacionais que resultaram na década de 1970, na regularização da profissão, no direito à carteira de trabalho assinada e no acesso a previdência social.


Laudelina continuou seu legado colaborando com a criação de associações e sindicatos em outras cidades do país e teve a satisfação de ver a Constituição de 1988 assegurar as domésticas o décimo terceiro salário, o repouso semanal remunerado, a licença maternidade de 120 dias e a aposentadoria.


Direitos conquistados graças a sua competência e determinação Ela morreu em 1991 deixando sua casa para o sindicato local. Seu trabalho não apenas transformou a vida de milhares de mulheres mas também pavimentou o caminho para avanços trabalhistas que permanecem até hoje.

Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]

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