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Zilda Arns

A Médica que Salvou Milhões de Crianças


A pediatra e sanitarista Zilda Arns empoderou mulheres e líderes comunitárias, ensinando-as a replicar seu conhecimento em saúde. Dessa forma, mudou o retrato da desnutrição infantil no Brasil.


Zilda nasceu em Forquilinha, em uma família de origem alemã. A mãe de Zilda atendia os vizinhos da comunidade rural voluntariamente, com base nos livros de medicina caseira provenientes da Alemanha. Zilda, ainda criança, ajudou a fazer tijolos para a construção de uma biblioteca pública e cuidava de bebês da sua igreja. Com 10 anos, mudou-se para Curitiba e, aos 15, já sabia o que queria ser no futuro: médica missionária.


Zilda Arns por Galeria da Lalo e Zilda Arns/ crédito: www.ccs.saude.gov.br


Zilda ingressou no curso de Medicina em 1953, em uma turma com 114 homens e apenas seis mulheres. Formou-se em 1959 e logo criou o clube de mães nos postos de saúde em que atuava, para ensinar as mulheres a cuidarem de seus bebês. Zilda teve 5 filhos, mas estava sempre disponível a qualquer momento, mesmo à noite, de madrugada ou durante as férias, atendendo a qualquer mãe que trouxesse uma criança doente à sua casa, onde fez um consultório médico.


Na virada dos anos 1980, Zilda foi chamada para conter um surto de poliomielite no interior do Paraná. Ela elaborou uma campanha de vacinação de tanto sucesso que foi replicada pelo Ministério da Saúde. O então diretor da UNICEF [Fundo das Nações Unidas para a Infância] sugeriu à Igreja Católica que ela auxiliasse na redução da mortalidade infantil, e Zilda foi escolhida para tocar o projeto, criando assim a Pastoral da Criança. Zilda treinou 20 voluntários que espalharam informações sobre cuidados simples, como soro caseiro, nutrição, cidadania, vacinação, amamentação e violência doméstica. O conhecimento ia se multiplicando, e a iniciativa se espalhou por todo o Brasil, inclusive em locais de difícil acesso. O programa foi considerado o maior do gênero no mundo e ultrapassou nossos limites geográficos, tornando-se presente em 17 países da América Latina, África e Ásia.


Em 2004, Zilda resolveu replicar o modelo com outro público, criando a Pastoral da Pessoa Idosa. Zilda recebeu, por seus projetos, diversos prêmios, incluindo indicação ao Nobel da Paz, e se tornou cidadã honorária em 11 estados e 37 cidades. Ela morreu em 2010, quando um pedaço do teto da igreja a atingiu durante o terremoto que devastou o Haiti, matando 300 mil pessoas. Ela tinha 75 anos e havia acabado de fazer um discurso para líderes comunitários que implantariam seu projeto no país.


Zilda conseguiu criar uma rede gigantesca de solidariedade que espalhou conhecimentos simples, porém importantes, sobre saúde e, com isso, salvou milhões de crianças e mudou a história da desnutrição no Brasil.


Curiosidades: Podemos dizer que Zilda promoveu uma revolução com armas simples quando levou a população carente informações de cuidados desde a gestação aos primeiros anos de vida. Só para se ter ideia, nos anos 1970, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 115 crianças para cada mil nascidas vidas, em 2010, ano de morte da médica, o índice esta em 17 a cada mil. Um programa extremamente eficiente e barato.


Em 2023 foi aprovada pelo presidente Lula a inserção do nome de Zilda no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]

 
 
 

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