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Zuzu Angel

A Estilista Rebelde


Zuzu Angel foi uma estilista brasileira que transformou a moda em um instrumento de resistência e denúncia contra a ditadura militar no Brasil. Nascida em 1921, em Minas Gerais, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou sua carreira como costureira, criando roupas que misturavam elementos da cultura brasileira com sofisticação internacional. Nos anos 1960, Zuzu alcançou reconhecimento mundial, levando suas criações para desfiles em Nova York e conquistando clientes de prestígio. Sempre dando prioridade para criações exclusivas, suas propostas eram recebidas com interesse e estranheza, nada de botões ou fivelas para atrapalhar na hora de sair, suas roupas eram simples, destinada às mulheres que trabalhavam e que precisavam de algo prático no dia a dia. No entanto, sua vida tomou um rumo trágico e político após o desaparecimento de seu filho, Stuart Angel, militante contra o regime militar, que foi preso, torturado e morto em 1971.


Zuzu Angel por Galeria da Lalo e Zuzu pelo site Nossa causa


A partir desse momento, Zuzu transformou sua dor em luta. Determinada a expor as atrocidades da ditadura, ela usou sua visibilidade internacional para denunciar o desaparecimento de Stuart e de outros jovens perseguidos pelo regime. Incorporou símbolos de luto e protesto em suas coleções, como estampas de anjos, pássaros engaiolados e manchas vermelhas que simbolizavam sangue.


Três vestidos claros feitos por Zuzu com figuras infantis bordadas
Créditos: Ocupação Zuzu Angel, Itaú Cultural

Em 1971, realizou um desfile em Nova York que chamou atenção para a repressão no Brasil, desafiando diretamente o governo militar. Sua coragem teve um alto custo: Zuzu passou a ser monitorada e perseguida pelo regime.

Em 1975 Zuzu recebeu uma carta que confirmava e revelava a morte de Stuart e relatava detalhes envolvendo a morte do filho. O relato tinha sido assinado pelo preso político Alex Polari, ele testemunhou a prisão de Stuart e foram ambos torturados e interrogados no mesmo dia. Ele disse que jamais sairia de sua memoria a imagem de Stuart amarrado numa viatura, sendo arrastado de um lado para o outro respirando os gases tóxicos da descarga.


Em 1976, Zuzu morreu em um acidente de carro suspeito, amplamente interpretado como um atentado político. Sua luta, no entanto, não foi em vão. Zuzu tornou-se um símbolo da resistência e da busca por justiça. Sua história é um lembrete poderoso de como a arte e a moda podem ser usadas como ferramentas de enfrentamento e transformação social.


"Como não viver o drama das outras mães que não tinham coragem ou, às vezes nem tinham dinheiro para sair pelo mundo gritando, como eu fazia para procurar o filho desaparecido, isto é, assassinadona tortura?"

Trecho que Eu, Zuzu Angel, procuro meu filho.



Trechos retirados e inspirados no livro Extraordinárias - Mulheres que Revolucionaram o Brasil [Ed. Seguinte I 2019 ]

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